Nise da Silveira: psiquiatra de Alagoas, Brasil (1905-1999), se rebelou contra a psiquiatria que aplicava violentos choques para 'ajustar' pessoas e propôs um tratamento humanizado, que usava a arte para reabilitar os pacientes. A história de Nise da Silveira já foi tema de documentários, em janeiro estrelou o filme " Nise - O Coração da Loucura ", dirigido por Roberto Berliner e estrelado por Glória Pires, o longa é baseado no livro " Nise - Arqueóloga dos Mares " do jornalista Bernardo Horta, fala sobre a psiquiatria e sua defesa da arte como principal ferramenta de reintegração de pacientes chamados "loucos". Em 1926 Nise era a única mulher em turma de 157 alunos onde se formou na Faculdade de Medicina da Bahia e ainda na graduação apresentou o estudo Ensaio sobre a criminalidade da mulher no Brasil. " Não se cura além da conta. Gente curada demais é gente chata. Todo mundo tem um pouco de loucura. Vou lhes fazer um pedido: vivam a imaginação, pois ela é a nossa realidade mais profunda. Felizmente eu nunca convivi com pessoas muito ajuizadas " Nise da Silveira Em 1934 a 1936 Nise ficou presa durante o Estado Novo, acusada de envolvimento com o comunismo; foi denunciada por uma colega de trabalho que era enfermeira. No presídio Frei Caneca, ela dividiu a cela com Olga Benário, a militante comunista alemã que na época era casada com Luís Carlos Prestes. Nise foi citada em um livro do Graciliano Ramos "... Lamentei ver a minha conterrânea fora do mundo, longe da profissão, do hospital, dos seus queridos loucos. Sabia-se culta e boa. Rachel de Queiroz me afirmava a grandeza moral daquela pessoinha tímida, sempre a esquivar-se , a reduzir-se , como a escusar-se a tomar espaço. " Nise da Silveira implementou a terapia ocupacional no manicômio, usou a arte para tratar problemas graves de saúde mental. Introduziu gatos e cachorros na rotina dos psicóticos, foi um excelente resultado, lia muitos livros e tinha um interesse muito especial pela obra do psiquiatra suíço Carl Gustav Jung. Nise escreveu uma carta para Jung pedindo ajuda para interpretar as mandalas que os pacientes desenhavam. " A configuração de Mandala harmoniosa dentro de um molde rigoroso, detonará intensa mobilização de forças auto-curativas para compensar a desordem interna. Então pedi para que fotografassem algumas mandalas e as enviei com uma carta para C.G.Jung explicando o que se passava. Foi um dos atos mais ousados da minha vida. " Nise da Silveira Nise foi convidada por Jung em 1957 para estudarem juntos e na volta para o Brasil em 1958, ela criou o Grupo de Estudos C. G. Jung no Rio de Janeiro que coordenou até morrer em 1999. Fundou a Casa das Palmeiras, a primeira instituição a desenvolver um projeto de desinstitucionalização dos manicômios no Brasil. Ajudou a escrever a história da psiquiatria. Em seus 94 anos de vida, a alagoana publicou dez livros e escreveu uma série de artigos científicos. Nise representa uma resistência atemporal.
segunda-feira, 18 de setembro de 2017
Nise da Silveira
Nise da Silveira: psiquiatra de Alagoas, Brasil (1905-1999), se rebelou contra a psiquiatria que aplicava violentos choques para 'ajustar' pessoas e propôs um tratamento humanizado, que usava a arte para reabilitar os pacientes. A história de Nise da Silveira já foi tema de documentários, em janeiro estrelou o filme " Nise - O Coração da Loucura ", dirigido por Roberto Berliner e estrelado por Glória Pires, o longa é baseado no livro " Nise - Arqueóloga dos Mares " do jornalista Bernardo Horta, fala sobre a psiquiatria e sua defesa da arte como principal ferramenta de reintegração de pacientes chamados "loucos". Em 1926 Nise era a única mulher em turma de 157 alunos onde se formou na Faculdade de Medicina da Bahia e ainda na graduação apresentou o estudo Ensaio sobre a criminalidade da mulher no Brasil. " Não se cura além da conta. Gente curada demais é gente chata. Todo mundo tem um pouco de loucura. Vou lhes fazer um pedido: vivam a imaginação, pois ela é a nossa realidade mais profunda. Felizmente eu nunca convivi com pessoas muito ajuizadas " Nise da Silveira Em 1934 a 1936 Nise ficou presa durante o Estado Novo, acusada de envolvimento com o comunismo; foi denunciada por uma colega de trabalho que era enfermeira. No presídio Frei Caneca, ela dividiu a cela com Olga Benário, a militante comunista alemã que na época era casada com Luís Carlos Prestes. Nise foi citada em um livro do Graciliano Ramos "... Lamentei ver a minha conterrânea fora do mundo, longe da profissão, do hospital, dos seus queridos loucos. Sabia-se culta e boa. Rachel de Queiroz me afirmava a grandeza moral daquela pessoinha tímida, sempre a esquivar-se , a reduzir-se , como a escusar-se a tomar espaço. " Nise da Silveira implementou a terapia ocupacional no manicômio, usou a arte para tratar problemas graves de saúde mental. Introduziu gatos e cachorros na rotina dos psicóticos, foi um excelente resultado, lia muitos livros e tinha um interesse muito especial pela obra do psiquiatra suíço Carl Gustav Jung. Nise escreveu uma carta para Jung pedindo ajuda para interpretar as mandalas que os pacientes desenhavam. " A configuração de Mandala harmoniosa dentro de um molde rigoroso, detonará intensa mobilização de forças auto-curativas para compensar a desordem interna. Então pedi para que fotografassem algumas mandalas e as enviei com uma carta para C.G.Jung explicando o que se passava. Foi um dos atos mais ousados da minha vida. " Nise da Silveira Nise foi convidada por Jung em 1957 para estudarem juntos e na volta para o Brasil em 1958, ela criou o Grupo de Estudos C. G. Jung no Rio de Janeiro que coordenou até morrer em 1999. Fundou a Casa das Palmeiras, a primeira instituição a desenvolver um projeto de desinstitucionalização dos manicômios no Brasil. Ajudou a escrever a história da psiquiatria. Em seus 94 anos de vida, a alagoana publicou dez livros e escreveu uma série de artigos científicos. Nise representa uma resistência atemporal.
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